Por Juarez Duarte Bomfim - 02.07.2014
Francisco Gabriel do Nascimento |
O padrinho Chico Gabriel é um exemplo de zeloso patriarca, líder comunitário, soldado dos exércitos de Jesus.
Patriarca de uma laboriosa e ordeira família, Francisco Gabriel do Nascimento (seu Chico Gabriel) é um dos poucos remanescentes ainda encarnados contemporâneos do Mestre Daniel Pereira de Mattos, o Frei Daniel, fundador do Centro Espírita e Culto de Oração “Casa de Jesus — Fonte de Luz” (Rio Branco-Acre), linha espiritual carinhosamente apelidada de “Barquinha”.
Seu Chico Gabriel é um dos muitos nordestinos que migraram para a Amazônia nos ciclos da borracha e formaram a civilização acreana. Paraibano de Brejo do Cruz, uma das suas maiores diversões sempre foi contar causos e sagas de sua infância e juventude sertaneja.
A idade provecta do Padrinho Chico Gabriel (03.07.1914) o torna uma testemunha privilegiada do comecinho desta linda Missão de Luz, pois conheceu o Mestre Daniel quando este ainda construía uma pequena capela voltada para o nascente, medindo mais ou menos 3X5, uma construção rústica de taipa e paus roliços, coberta de palha, que consagrou a São Francisco das Chagas.
Foi assim: Chico Gabriel migrou para Rio Branco – Acre ao lado de um amigo e compadre de nome Luiz. Não tendo onde morar, se hospedara na casa deste amigo. Certa noite, ele conta que, já deitado, ouviu uma maviosa música de serenata e logo depois bateram à porta.
— Luiz!
— Quem é?
— É Daniel.
O compadre Luiz abriu a porta e saiu para o terreiro a conversar com o visitante, o qual ele chamava de Mestre. Ao término da reunião, Daniel falou para o amigo:
— Luiz, quinta-feira vá lá em casa. Estou te esperando.
Despediu-se e foi embora. Nesta época, pessoas humildes com problemas de saúde, dor de dente, espinhela caída, dificuldades familiares e alcoolismo recorriam a Daniel em busca de ajuda. O encontravam sentado num banquinho, lenço branco amarrado na cabeça, com quatro nós dados nas pontas, pronto para atender, conversar, aconselhar, ensinar remédio caseiro, banho de ervas… Dele recebiam uma palavra amiga, um conforto e a cura através do Santo Daime.
No dia combinado o amigo Luiz convidou Chico Gabriel:
— Vamos lá na casa do Mestre Daniel!
— Vamos!
Chico Gabriel conta que nesta primeira visita estavam começando a construção da igrejinha, bem pequena e simples. Após a entrevista do amigo Luiz com Daniel, o Luiz lhe perguntou:
— É Daniel.
O compadre Luiz abriu a porta e saiu para o terreiro a conversar com o visitante, o qual ele chamava de Mestre. Ao término da reunião, Daniel falou para o amigo:
— Luiz, quinta-feira vá lá em casa. Estou te esperando.
Despediu-se e foi embora. Nesta época, pessoas humildes com problemas de saúde, dor de dente, espinhela caída, dificuldades familiares e alcoolismo recorriam a Daniel em busca de ajuda. O encontravam sentado num banquinho, lenço branco amarrado na cabeça, com quatro nós dados nas pontas, pronto para atender, conversar, aconselhar, ensinar remédio caseiro, banho de ervas… Dele recebiam uma palavra amiga, um conforto e a cura através do Santo Daime.
No dia combinado o amigo Luiz convidou Chico Gabriel:
— Vamos lá na casa do Mestre Daniel!
— Vamos!
Chico Gabriel conta que nesta primeira visita estavam começando a construção da igrejinha, bem pequena e simples. Após a entrevista do amigo Luiz com Daniel, o Luiz lhe perguntou:
— Quer conversar com o Mestre?
— Eu quase não tenho o que falar…
Mas mesmo assim foi lá conversar com o Mestre. Quando aqui em vida de matéria, manifestando os seus dons de vidência, Daniel costumava dizer para as pessoas:
— Eu sei quem você é e o que está sentindo. Sei o que veio à procura.
Então, o “preto-velho que adivinha” da Vila Ivonete relatava para o consulente quem ele era e o que queria.
— Salve Mestre!
— Salve! Você é Francisco Gabriel?
— Sim.
— Você é uma boa pessoa.
— Eu não sei Mestre. Deus é quem sabe.
— Você está metido numa caminhada perigosa.
Chico Gabriel prontamente negou… O que levou Daniel a reagir:
— Então sou um mentiroso?
— Não senhor… Mestre, quem tem culpa nunca confessa.
O Mestre Daniel falou de um conturbado envolvimento afetivo que Chico Gabriel tinha com uma mulher, e lhe disse que esta relação poderia lhe trazer sérios problemas. Falou também de tudo que se passava com ele. Seguindo os conselhos do seu futuro padrinho e mestre, ele deixou o “negócio” com a tal mulher.
Passaram-se dez anos… foi quando Chico Gabriel conheceu a jovem Francisca Campos. Órfã de pai e mãe, muito pobre e desvalida, a dona Chiquinha lhe contou como era a sua vida de dificuldades e sofrimento, chorando. Compadecido daquela jovenzinha, para consolá-la Chico Gabriel a pediu em casamento, brincando. Mas a pretendente levou a sério.
Passado alguns dias, a suposta noiva de Chico Gabriel lhe comunicou que precisava viajar para a Cidade de Humaitá, no Estado do Amazonas, e lhe pediu permissão.
Foi com alivio que ele autorizou a viagem da nubente, pensando consigo: “que bom… Dessa estou livre”…
Porém, quando dona Chiquinha retornou da viagem e o procurou, Chico Gabriel não pode rejeitá-la. “Não queria fazer uma desfeita”, diz.
Neste momento ele recebeu da Santíssima Rainha uma Rosa Menina, uma Rosa Encantada, cujo amor cultiva em seu peito há mais de seis décadas de vida marital.
Após o parto do seu terceiro filho, Chica Gabriel adoeceu gravemente. Desenganada pelos médicos, seu marido Chico Gabriel a levou para conhecer e se consultar com Daniel Pereira de Mattos — o Frei Daniel. Deste memorável encontro firmou-se um compromisso deste mundo à eternidade, quando seu Chico e dona Chica se tornaram trabalhadores daquela casa espírita, prestando obras de caridade.
Na manhã de domingo de 20 de maio de 1957 dá-se inicio a sua cura e o pacto por ela assumido de que “se ficasse boa continuaria naquela casa, naquela igreja, até o dia que Deus permitisse”.
Já curada, a Madrinha Chica Gabriel vem cumprindo o compromisso assumido de prosseguir a Missão do Mestre Daniel Pereira de Mattos.
Esposo e esposa prestaram obras de caridade naquela Casa de Luz durante quatro décadas, ao lado do Fundador, Frei Daniel, dos presidentes Antônio Geraldo da Silva, Manuel Hipólito de Araújo e de toda a irmandade.
Até que em 23 de novembro de 1991, com a ajuda de uns poucos irmãos, a Madrinha Chica e o seu cônjuge fundaram o Centro Espírita Obras de Caridade Príncipe Espadarte, dando continuidade a Missão de Daniel.
Foi o Padrinho Chico Gabriel — ao lado do filho mais velho Antônio — quem edificou a humilde casinha onde os trabalhos deste Centro Espírita se iniciaram. Casa de Jesus e da Virgem da Conceição consagrada ao Senhor São Francisco das Chagas.
O Padrinho Chico Gabriel é também um bom rezador, na tradição religiosa amazonense. Seguindo os passos do seu Mestre, quando a saúde e a idade permitiam rezava em adultos e principalmente em crianças, prestando obras de caridade.
Devoto do Senhor São Francisco das Chagas, quando a doença dos olhos se agravou aumentou a sua fé em Santa Luzia, cujo salmo muito aprecia.
Na Barra do Jordão, Deus Jesus encontrou
Um cego de guia
Que vinha guiado por sua filhinha
Jesus perguntou: para onde seguiam
— Senhor vou levando meu pai a Belém
Para ser curado por Jesus Messias.
A cirurgia de catarata que este simpático casal de velhinhos realizou em 2012 — cuidando dos seus olhos — lhes restituiu a boa visão e, como por mágica, os rejuvenesceram.
O padrinho Chico Gabriel é um exemplo de zeloso patriarca, líder comunitário, soldado dos exércitos de Jesus. Benzedor, sempre tem uma benção, um conforto, uma palavra amiga para aqueles que lhe procuram.
Companheiro inseparável da Irmã de Caridade, Madrinha Francisca Campos do Nascimento, como se fosse sua alma gêmea, o Padrinho Chico Gabriel plantou e semeou 10 filhos, inúmeros netos, bisnetos e tataranetos.
Servo de Jesus, Francisco Gabriel do Nascimento dá continuidade ao compromisso familiar assumido de prosseguir a Missão de Frei Daniel e dos Santos Missionários do Barquinho Santa Cruz, singrando os mares sagrados, recolhendo as almas penitentes e as entregando aos Santos Pés de Jesus.
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